sábado

Badalada do silêncio

Eram quase onze e meia. Continuara à tua espera. Ali sentada, em frente ao computador, e ao lado dos meus rascunhos de poesia. Peguei num livro, que tinha à imensos meses debaixo da cama. Já nem me lembro porque carga de água lá o pus. Comecei por ler a última página, que falava do triste final daquele amor. Achei estranho o facto de uma história irreal ou real acabar daquela trágica forma, então decidi começar a ler do principio. Olhei para o monitor, e aquele estranho rapaz não se encontrava on-line. Já passavam quarenta minutos da meia-noite, quando a minha pulsação começou a acelarar, só de pensar que aquele livro falava da minha vida. Apaguei a televisão, que estava à duas horas e meia na Tv Galicia. Apaguei aquela luz ofuscante e acendi a pequena luz de presença que se encontrava na mesa de cabeceira. Parei de ler. Encostei a cabeça à cabeceira da cama e relembrei todos os momentos iguais aos daquele livro velho e cheio de pó. Todos felizes à excepção de um. O que talvez fosse o mais forte de todos e cobria todos os outros: a distância. Já tinha usado todas as minhas forças e a grande coragem. Revelei-me outra pessoa, aquela que agora me tornei, graças a ti. Sorri. Desencostei a cabeça daqueles antigos ferros da cama, fechei os olhos e adormeci. Caí na minha. Na minha realidade. Mas os pensamentos voltaram, e punham-se sempre à frente de tudo. Abri os olhos e reparei que a luz estava acesa e decidi apagá-la... talvez fosse isso que me mantinha com os pensamentos em branco. De manhã acordei, já eram umas dez e tal. Descalça percorri o quarto todo, o escritório, que ao lado se encontrava. O livro com cheiro a mofo não achava hora de aparecer. Foi então que tive a visão de que conhecia esta cena de algum lado, apesar de ser um cenário diferente. Sim. Lembrei-me repentinamente que na parte que deixei a leitura, naquela enorme madrugada, acontecera o mesmo à personagem. Dei-me conta do tempo a passar. Decidi esquecer aquele momento e recomeçar o dia de novo. Intristecida fui rápidamente tomar um duche para ver se todos aqueles pensamentos iam embora. Mas, não foram. Chorei. E aquelas lágrimas, era o sofisticado amor que arde no meu coração. Encontrei o livro e vi o meu futuro. O meu triste futuro.

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